Gazeta Mercantil
Gestão ambiental abre novas oportunidades de especialização

São Paulo, 16 de Maio de 2002 - A pressão do mercado externo por de produtos de empresas com selo ISO 14000 exige hoje que as empresas provem que, na cadeia de produção, o meio ambiente é preservado. A exigência cria, na outra ponta, a necessidade de especialistas. A atividade de gerenciamento ambiental começa a se firmar no Brasil. Para não se restringirem apenas às consultorias, as empresas já preparam profissionais para esta área. Um exemplo é o de Maria José Oliveira Lopes Carvalho da Silva, engenheira civil graduada há 30 anos, que sentiu necessidade de ter maior entendimento das questões ambientais pelo trabalho que desenvolve na Andrade Gutierrez Concessões. Gerente de projetos da empresa, pertencente ao grupo Andrade Gutierrez, ela atua na avaliação de projetos de concessão de serviços públicos para rodovias, saneamento, entre outros.

A empresa tem participações em empresas de saneamento, como a Sanepar, do Paraná, e em rodovias, como os trechos administrados pela CCR - a ponte Rio-Niterói; a Via Lagos, em Cabo Frio; a Bandeirantes/Anhanguera, em São Paulo, entre outras. "O assunto ambiental estava muito isolado na companhia. Dependíamos sempre de consultorias externas para avaliação dos projetos", conta Maria José. A empresa ainda conta com as consultorias, mas hoje tem gente em seus quadros preparada para acompanhar todo o processo.

Maria José fez o MBA Internacional em Gestão Ambiental, desenvolvido pela PROENCO Brasil. Ela participou do segundo curso realizado pela empresa, que promove há 16 anos cursos na área de Qualidade e, há três, criou o MBA Internacional em Gestão Ambiental. O curso tem duração de 11 meses e realiza-se em São Paulo (já formou duas turmas e está preparando a terceira) e em Porto Alegre, no segundo ano de funcionamento. Segundo Luís Sans Castro, coordenador do MBA, o curso tem atraído profissionais, na maioria autônomos, das áreas de engenharia, biologia e direito. "diversidade de materiais utilizados na área tecnológica torna maior o interesse de engenheiros químicos e biólogos, entre outros profissionais que precisam atuar diretamente em assuntos ligados ao meio ambiente", diz Castro.

Os consultores Marcelo Mariaca, sócio diretor da Mariaca & Associates, e Gladys Zrncevich, sócia da consultoria Korn Ferry International, são enfáticos ao afirmar que o mercado para profissionais que atuam na área de meio ambiente é promissor. "É uma profissão que vai continuar crescendo, no ritmo dos investimentos que virão", prevê Mariaca. Segundo ele, "basta considerar as previsões de que o Brasil está posicionado a receber na próxima década investimentos da ordem de US$ 20 bilhões ao ano, segundo pesquisa da Economist Inteligence Unit, publicação do "The Economist". Se boa parte forem investidos em atividades produtivas dos segmentos de energia, gás, papel e celulose, entre outros, vamos precisar cada vez mais de profissionais especializados no assunto", garante Mariaca.

Qualquer projeto industrial que se inicie precisa ter um relatório de impacto ambiental (Rima) altamente técnico. Para isso, vão necessitar do trabalho de engenheiros ambientais, advogados especialistas em legislação ambiental, além de técnicos com formação específica. Por isso Mariaca e Gladys apostam que este ramo "vai crescer e muito". "Os MBAs e cursos de pós-graduação estão vindo em boa hora", comemora Gladys. "É uma tendência irreversível", diz. No Brasil, as universidades e instituições voltadas a cursos de pós-graduação, doutorado e MBA estão atentas à demanda por profissionais que atuem nesta área e oferecem cursos de Gestão Ambiental, Engenharia Sanitária, Auditoria Ambiental, entre outras especialidades. As universidades já contemplam em suas grades curriculares disciplinas específicas para estas áreas, tanto em graduação quanto em especialização. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além da Universidade de São Paulo, da Universidade Luterana do Brasil (no Rio Grande do Sul), entre tantas outras, abriram seus "campi" para atender a esta demanda. (Gazeta Mercantil/Página C10)(Liana Milanez)

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